Acesse o site do SINTECT/SC:

sábado, 23 de outubro de 2010

Novas fraudes atingem transporte aéreo de carga

Setor de carga aérea à beira do colapso 
Aviões velhos, falha de segurança, problema financeiros e fraudes atingem empresas que prestam serviço a Correios e Banco Central
 
22/10/2010 | 16:29 | Da Redação, com informações O GLOBO 

Aviões velhos, falha de segurança, problema financeiros e fraudes atingem empresas que prestam serviço a Correios e Banco Central. 

Pivô do escândalo de tráfico de influência na Casa Civil e sem voar para os Correios desde 27 de setembro, a Master Top Airlines (MTA) não é a única empresa de carga aérea em dificuldade no país. Responsável por carregar encomendas dos brasileiros e parte do dinheiro enviado pelo Banco Central aos estados, o setor está em situação complicada. Aviões velhos, falhas de segurança, obstáculos financeiros e falta de documentação são problemas comuns às companhias, não raro envolvidas em fraudes. 



Correios e Banco Central são os principais clientes do segmento por necessitarem de ser viços constantes e serem fonte de receita garantida. 

Segundo a Anac, cinco das nove companhias domésticas foram proibidas de voar. Entre as quatro com autorização está a MTA, que deveria fazer as linhas de Salvador e Recife para os Correios, mas não decola mais. A inoperância obriga a estatal a contratar emergencialmente espaços nos porões de companhias de passageiros, pagando caro por isso. Só nos últimos três meses, foram gastos R$ 3,3 milhões para substituir as empresas. O serviço é prejudicado, com atraso nas entregas. 

— Isso tem um impacto muito forte no esquema operacional — admite o chefe do Departamento de Encaminhamento e Administração de Frota dos Correios, Carlos de Sousa Montenegro. 

Na quinta-feira, a Anac proibiu de levantar voo outra contratada dos Correios, a Air Brasil, que faz a linha São Luís-TeresinaBelo Horizonte-São PauloRio. Além de ter problemas em equipamentos, a empresa voava sem autorização e cumpria mais horas de voo do que podia. 

Também estão proibidas de levantar voo as cargueiras TAF e Beta (que tinham contratos com os Correios até o fim de 2009) e a Skymaster. Segundo a estatal, em dezembro um avião da TAF bateu num elevador de carga em Guarulhos. Semanas depois, outro avião da empresa bateu numa árvore e fez um pouso forçado em Parintins (AM). Devido aos incidentes, a Anac suspendeu o Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo (Cheta), que precisará passar por nova certificação. 

A Beta parou de decolar para os Correios depois que o Ministério Público Federal (MPF) constatou conluio com a Skymaster para fraudar uma licitação. 
As duas fizeram um acordo de que quem vencesse subcontrataria a outra, dividindo o dinheiro. 

A Anac cassou sua concessão em agosto. 

Das companhias com autorização para voar, além das Master Top, sobram a Rio Linhas Aéreas e a Total (também contratadas dos Correios), a Absa e a Variglog. Esta, ex-subsidiária da Varig e vendida a um grupo chinês, também enfrenta problemas financeiros. 

A frota das empresas aéreas de carga doméstica com autorização para operar é de 18 aviões, segundo a Anac. Isso não significa, entretanto, que todos estejam operando (os três DC-10 da Master Top, por exemplo, estão parados).

A Agência informa também que o volume total de carga doméstica transportada por quilômetro voado subiu 12,45% entre 2001 e 2009, saindo de 513,5 milhões de toneladas para 577,5 milhões de toneladas. 

Setor movimenta R$ 1,3 bilhão por ano O setor cargueiro tem movimentado, por ano, ao menos R$ 1,3 bilhão. Só os Correios gastaram, em 2009, R$ 316,19 milhões com as companhias contratadas. 

A Infraero, que fatura com as tarifas dos aeroportos, recebeu R$ 572,9 milhões (doméstico e internacional). TAM e Gol obtiveram no primeiro semestre, respectivamente, R$ 242,7 milhões com cargas e R$ 177,4 milhões com “receitas auxiliares”, a maior parte cargas. 

Para especialistas, a falta de dados concretos dificulta um perfil do setor. 

— São empresas amadoras, que abrem e fecham com facilidade e usam aviões velhos, com alto custo com combustível e manutenção — diz o professor de Transporte Aéreo da UFRJ, Respício do Espírito Santo Júnior. 

Segundo ele, é preciso aumentar a concorrência e quebrar o monopólio dos Correios na questão da logística. 

Ele defende ainda a abertura do mercado às estrangeiras (Fedex, UPS e DHL). Essas companhias, aliás, estão de olho no país e aguardam aprovação do projeto que amplia de 20% para 49% a participação do capital estrangeiro. 

Sistema sofrerá mudanças 
BRASÍLIA. Com a crise que já derrubou uma diretoria dos Correios e pode destronar mais uma, o governo promete para o último mês da gestão Lula mudar todo o sistema de transporte postal. A estatal abrirá licitações para trocar as empresas aéreas que prestam o serviço e vai adotar mecanismos para aumentar a competitividade.

Os contratos, hoje de um ano, terão vigência de cinco. O objetivo é tornar o negócio mais atraente, dando mais prazo para que as companhias recuperem os investimentos em aeronaves e outros equipamentos. A malha de transporte será redesenhada. 

Em vez das oito linhas atuais, serão sete. 
— Menos nós de rede são menos horas de voo — diz o chefe do Departamento de Encaminhamento e Administração de Frota dos Correios, Carlos de Sousa Montenegro. Segundo ele, a intenção é reduzir a dependência do debilitado grupo de empresas que hoje explora o milionário transporte postal. 

Denúncia de lobby 
Em setembro, a corrida eleitoral esquentou com denúncias de que Israel Guerra, filho da então ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, fazia lobby para empresas privadas. Sua consultoria foi acusada de receber comissões milionárias, além de “taxa de êxito”. A principal denúncia dava conta de que, graças à intermediação de Israel, uma prestadora de serviços dos Correios, a companhia de carga Master Top Airlines (MTA), teria conseguido renovar sua concessão junto à Anac. Com o escândalo, Erenice acabou sendo demitida.

Confira aqui.

0 comentários:

Postar um comentário