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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um balanço da eleição do Sindicato dos Correios de São Paulo


A unidade para manter a luta em defesa dos trabalhadores dos Correios
Por Atnágoras Lopes* 
A categoria de correios foi uma das que mais lutou nos últimos anos: lutou em defesa de seus direitos e do seu salário e tem lutado muito contra as tentativas de privatização dessa importante empresa e consequentemente na busca de mantê-la pública e 100% estatal.
A maioria das lutas da categoria vem sendo imobilizada, e até traída pela direção majoritária da Federação Nacional da categoria, a FENTECT, composta pela CTB e pela Articulação (maioria da direção da CUT). Na campanha salarial do ano passado, por exemplo, onde estas duas forças políticas impuseram a assinatura de um acordo coletivo com validade de dois anos e sem campanha salarial neste ano (2010).
Contra essa política se levantou um bloco de 17 sindicatos além de várias oposições e ativistas, que iniciaram um movimento que questiona a política da federação, e só não ganhou a última plenária nacional da categoria devido a manobras burocráticas da direção majoritária.
No bloco de 17 sindicatos atuam conjuntamente a CSP Conlutas, setores da CUT (MRL, ASS e PCO), além de setores independentes.
Foi nesse cenário que a burocracia da CTB em São Paulo chamou a realização do processo eleitoral do sindicato dos trabalhadores dos correios no mês de novembro deste ano.
A militância da CSP Conlutas fez um chamado à construção de uma chapa que unificasse todos os setores de oposição e assim podesse enfrentar a atual direção que vem cumprindo e aprofundando o seu caráter governista e de agente direto dos interesses da empresa.
O chamado a essa unidade partiu da apresentação de um programa que expressava, coerentemente, os elementos que balizaram a constituição “do bloco dos 17 sindicatos”. Assim, o chamado tático à construção da mais ampla unidade em uma chapa de oposição para a disputa dessas eleições estava subordinado a: Rejeição ao acordo bi-anual; A luta contra a privatização da empresa (travestida de Correios S/A.); A defesa da democracia operária; A defesa da independência política e financeira da entidade além de um conjunto de bandeiras históricas da categoria.
Havia ainda outros ingredientes de destaque nas análises que se faziam no bloco que tiveram um papel importante na definição dessa tática: as derrotas que vinham sofrendo a categoria; o grau de atrelamento e parceria escancarada da direção do sindicato com a empresa; a fragmentação e a debilidade orgânica da oposição. Esses fatos permitiram que a burocracia ligada à CTB avançasse utilizando os mais degenerados métodos de relação com setores da classe.
Este fato colocava aos diversos grupos de oposição a tarefa de unificar para poder apresentar-se com a força necessária a uma disputa contra essa velha e clássica aliança espúria entre governo, empresa e direções traidoras que hora se instaurou no SINTECT-SP.
O acerto dessa política (de chamado a uma chapa unificada da oposição) acordada com todas as forças do bloco dos 17 sindicatos fez com que atraíssemos alguns outros setores de oposição organizados na base Ecetista de São Paulo, inclusive ligados a ARTISIND/CUT. Assim, submetidos a esse programa, numa convenção de base conformou-se a Chapa – 2, “Oposição unificada pela base!”; Encabeçada pelo companheiro Geraldinho (da CSP-Conlutas, histórico militante da oposição), estabeleceu-se um formato político capaz de garantir melhores condições para disputar contra a chapa da empresa, a chapa da CTB.
Contribuiu para esse resultado, também, os diversos golpes burocráticos que a CTB deu na democracia da entidade. A direção atual organizou uma assembleia de última hora para mudar o estatuto do Sindicato, instituindo um mandato de 4 anos, fim do conselho de representantes, uma executiva com poderes de expulsar associados, entre outros absurdos.
Este foi o cenário político que permitiu a unificação de todos os setores de oposição de SP em uma mesma chapa para resistir à política antidemocrática e de entrega dos direitos da categoria representada pela atual direção do sindicato (CTB).
Defendemos como correta a construção de chapa composta por todos aqueles que se colocam contra a política do acordo salarial de dois anos, que querem lutar contra a proposta de privatização da empresa e são contra as práticas da CTB à frente da entidade.
Reivindicamos como correta a política de unidade de ação e o caráter de frente única dos sindicatos como ferramentas indispensáveis para aumentar o poder de resistência da nossa classe.
Reivindicamos como correto compor um bloco nacional de oposições formado pela CSP Conlutas e setores da CUT, pois apesar das diferenças internas ele permite lutar em melhores condições por uma nova direção nacional democrática e de luta para a categoria.Temos certeza que a política mais acertada para as eleições de SP era mesmo unificar em uma mesma chapa todos aqueles que se coloram na defesa deste programa: o Programa dos 17 Sindicatos.
Indiscutivelmente a vitória de nossa chapa representaria uma mudança qualitativa na disputa dos rumos das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Já havia o compromisso programático, inclusive expresso nos materiais de campanha, de acabar com os acordos salariais de dois anos, reestabelecer a democracia no sindicato e lutar contra a privatização.
Infelizmente, mesmo com a chapa unificada não foi possível derrotar a atual direção do sindicato e a sua parceria com a chefia da empresa e com o governo do federal.
Esse resultado serve para reafirmar que continuaremos nossa luta na defesa incansável desse programa. Seguiremos chamando todos os Ecetistas à construção de nossa mobilização e ação direta contra qualquer tentativa de privatização da ECT e/ou ataques aos nossos direitos. Será com esses critérios que nós seguiremos enfrentando qualquer governo de plantão ou qualquer direção sindical traidora ao mesmo tempo em que nos empenharemos na construção e fortalecimento do bloco nacional de oposição à maioria da direção da FENTECT.
É inconteste o acerto da tática acordada no bloco dos 17 sindicatos e implementada na construção da chapa de oposição à burocracia da CTB nas eleições do SINTECT-SP. Primeiro por hierarquizar essa construção em base a um programa; segundo, por ter obtido o êxito de deslocar alguns setores organizados na base sindical do governo e permitir amplificar o nosso diálogo com setores da vanguarda e amplos setores da categoria.
Ainda que o resultado eleitoral tenha ficado aquém daquilo que se previa isso não diminui a justeza desta política. Concluir e afirmar simplesmente o oposto é, seja inconscientemente ou intencionalmente, deslizar ao sectarismo das velhas ceitas ou à confusão que “normalmente” se faz quanto à compreensão do que é tático, do que são princípios e do que é estratégico.

*Atnágoras Teixeira Lopes é da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

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