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sábado, 5 de novembro de 2011

Quando o tema é as privatizações do Governo do PT, a CUT tem a capacidade de apagar o “Sujeito Simples” da oração. Por Atnágoras Lopes

Segundo as “regras” gramaticais brasileiras “O sujeito insere-se dentre os chamados “Termos essenciais da oração”, pois para que uma oração seja dotada de sentido, ela necessariamente precisa conter sujeito e predicado e, em algumas vezes, complemento”; Em nossa língua há “Sujeito” de tipo Simples, Composto, Oculto, Indeterminado e até oração sem “Sujeito”.

Longe de estar sob meu domínio a amplitude dessas “regras”, e talvez até cometendo alguns erros grosseiros em relação a elas, ousarei explicitar, politicamente, o título desse texto.



Nesses últimos meses temos assistido a uma verdadeira onda de iniciativas do governo Dilma (PT), que visam promover profundas mudanças relativas ao papel, estrutura, gestão e objetivos de dezenas de empresas estatais brasileiras.

Essa “onda” foi anunciada em diversos canais de nossa imprensa que essa semana diziam: “Governo vai enquadrar 147 estatais na lei das S.A. para aumentar investimentos no país.”

Na verdade o meu objetivo é apenas jogar um olhar sobre a reação da Central Única dos Trabalhadores frente à ofensiva privatizante do Governo Petista, a partir do que eles escrevem e, conseqüentemente, de sua ação política. O que vejo nesse caso é que o “Sujeito Simples”, que é a Presidente Dilma, simplesmente nunca aparece nas análises dessa central.

Não estou tratando de uma opinião dirigida à aplicação das regras gramaticais das matérias publicadas na imprensa da CUT, o que se quer teria conhecimento para fazê-lo, mas sim de identificar a omissão da crítica direta a esse governo, fato que se explica pelo grau de atrelamento e submissão dessa central ao Palácio do Planalto.

Para ficarmos só em um exemplo, vejamos a notícias do site dessa entidade”: “CUT repudia postura “privatista e antissindical” da direção da Infraero”, matéria publica no último dia 21 de outubro desse ano, referindo-se à proposta do Governo Dilma (retirando-a da informação) que pretende privatizar os aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.

A CUT, hoje, consegue ir além do fato de apagar o “Sujeito Simples” e lança mão de outras sutilezas lingüísticas como, por exemplo, tentar dar um sentido parônimo a palavras que, no conteúdo e contexto político, são sinônimas. Podemos verificar isso nas declarações do presidente da entidade, Arthur Henrique, quando disse: “Com certeza, poderíamos atrair o capital privado para expandir os aeroportos sem a necessidade de privatizar a Infraero [Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária]” (site Jornal do Brasil, 07/10/2011).

Essa “capacidade” não é, hoje, um patrimônio exclusivo da Central Única dos Trabalhadores. Trata-se de um lamentável sintoma que contamina cerca de 80% das entidades sindicais brasileiras, filiadas, além da CUT, em outras centrais sindicais como CTB, NCST, UGT, FS e CGTB.

Na normalidade da língua o “Sujeito” é o agente da ação. Para eles o “Sujeito Simples” não deve ser identificado pelos trabalhadores. Por isso evita-se inclusive, em suas notícias e discursos, que se empregue qualquer frase ou oração que em sua estrutura permita que se identifique o “Sujeito” à presidente Dilma (menos ainda o seu antecessor, Lula), como responsável por dar seguimento à política privatista de FHC (PSDB).

Na gramática define-se o “Sujeito Indeterminado” quando: “Sabemos que ele existe, porém não é possível identificá-lo na oração.” Quanto a entendermos a “capacidade inovadora da maioria do sindicalismo brasileiro”, parece-nos que o desafio vai além de podermos identificá-los ou de até interpretá-los gramatical e politicamente. Para decifrar sua atitude havemos de aplicar outras regras, as regras da luta de classes.

Devemos apostar na luta e na resistência permanente das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros para impedir as privatizações e evitar que esse “Sujeito” siga “Indeterminado”; Significa que nossa tarefa inicia-se por resgatar os princípios da independência política e financeira das entidades de nossa classe, frente aos patrões e a qualquer governo de plantão, e construirmos uma alternativa de direção para o movimento de massas em nosso país.

Atnágoras Lopes
Sec. Exec. Nac. da CSP-Conlutas

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