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sábado, 28 de agosto de 2010

ECT acusa franqueados de 'roubar' os bancos e empresas de telefonia em 'concorrência desleal'

A Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) quer retomar o filé do serviço de encomendas para grandes clientes corporativos, como bancos e operadoras de telefonia, que paulatinamente foram parar nas mãos dos franqueados.

Pelo menos R$ 1,5 bilhão está em jogo, razão pela qual os Correios querem tirar das franquias esses clientes, considerados estratégicos pela estatal.


Essa é a verdadeira guerra deflagrada entre a ECT e franqueados, que tem como ápice a redução da tabela de remuneração dos atuais 40% a 10% - quanto maior o volume, menor a comissão - para 29% a 5%, conforme previsto no edital de licitação que está sendo alvo de diversas ações na Justiça por parte dos franqueados.

"Os franqueados, logicamente, têm medo de perder o negócio. No início nós ficávamos dependentes deles", disse ao Estado o presidente dos Correios, David José de Matos. Segundo ele, ao longo do tempo, os franqueados passaram a fazer uma concorrência predatória. "Eles prospectavam grandes clientes e se ofereciam para fazer toda a pré-postagem (preparação da correspondência). Diziam: eu tiro do meu lucro, empacoto para você, e em vez de levar para os Correios, você traz para mim (o franqueado). E eles faturavam em cima disso", afirmou. Matos observa que essa estratégia culminou por roubar dos Correios clientes estratégicos, por "concorrência desleal".

Números. Segundo Ronaldo Takahashi, diretor comercial da ECT, dos 76 mil contratos de prestação de serviço firmados com a estatal, 23 mil estão nas mãos de franqueados, sendo que 170 deles representam uma receita de R$ 1,5 bilhão. "Com o novo modelo (as licitações), restringiu-se a contratação de clientes estratégicos pelas franquias", afirmou. "Por que restringir? Até no relatório da CPI dos Correios, em 2005, está claro que cliente estratégico não pode permanecer sob poder de agência franqueada", enfatizou Takahashi.

Marco Aurélio de Carvalho, advogado da Associação Brasileira de Franquias Postais (Abrapost), porém, disse que quem escolhe os franqueados para prestar esse tipo de serviço são as próprias empresas.

"As agências próprias dos Correios não têm expertise, nem capacidade técnica para fazer isso", afirmou. Segundo Carvalho, se esses contratos forem retirados das franquias, resultará em perda de receita para os próprios Correios, que sem condições de atender à demanda, perderá mercado para as multinacionais.

Conforme o Estado antecipou na quinta-feira, levantamento da Abrapost referente a outubro de 2009 mostra que, naquele mês, na Região Metropolitana de São Paulo, as franquias responderam por 95,5% da receita do serviço de marketing direto (mala direta) dos Correios, ou R$ 6,95 milhões, ao passo que as lojas próprias só representaram 4,5% ou R$ 323,83 mil. 

Os Correios, porém, contestam os números. Segundo a estatal, na Região Metropolitana de São Paulo, os dados são os seguintes: no marketing direto as franquias representam 72,3% (R$ 32,8 milhões) e as lojas próprias 27,7% (R$ 12,5 milhões).

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